Meritocracia é uma palavra formada por “mereo” (ser digno, ser merecedor) e o sufixo grego “kratos” (poder, força). Ou seja, trata-se do alcance do poder através do merecimento. Segundo essa linha de pensamento, os objetivos são atingidos por aqueles que se dedicam e se esforçam em medida suficiente.
Em determinada aula, pedi aos meus alunos que conceituassem a meritocracia, com exemplos, e discutissem se ela acontece de maneira justa no Brasil e ao redor do mundo.
Como casos de sucesso, foram citadas pessoas que, apesar de terem vivido em condições desafiadoras, foram capazes de mudar suas situações e obter êxito. Dei nota sete como retorno para as suas respostas e expliquei a razão disso, pedindo que prestassem atenção a três temas que fazem parte do cotidiano dos estudantes, sobretudo na escola regular: educação física, informática e português. Vamos à contextualização.
O primeiro deles: Educação física/Esportes. Atividade: Correr 5 km sem parar. Perguntei quem na sala de aula pode se alimentar adequadamente, com frutas e proteínas. A resposta foi que apenas 1/3 dos jovens tem esse tipo de dieta. Isso nos leva a provocar duas questões importantes:
Provocações:
- Todos os meus alunos estão em igualdade de condições para correr 5 km sem parar?
- Como profissional e ser humano, tenho o direito de cobrar o mesmo de todos os alunos?
Os outros dois temas, informática e português, seguiram a mesma linha de investigação. E o resultado novamente foi desolador.
E o resultado foi outra vez de partir o meu coração.
Reflexão:
A meritocracia nos é apresentada de maneira excessivamente romântica e utópica. Decididamente, essa abordagem não serve, pois mascara o que de fato deve ser priorizado: o atendimento às necessidades das pessoas que não nasceram com as mesmas oportunidades. O exemplo do único vendedor que alcançou a meta dentre 500, mesmo sem recursos, merece reconhecimento, mas os outros 499 não podem ser responsabilizados pela não consecução da meta devido à falta de estrutura.
O caso da pessoa em situação de rua que passou em um concurso público é genial, mas quantos outros estão na mesma situação? Não podemos usar exceções para mascarar problemas crônicos e estruturais em nosso país.
Despertemos para a consciência e não utilizemos a exceção como regra para encobrir questões sistêmicas.
Mais artigos disponíveis no nosso blog
Descubra outros artigos que já foram publicados em nosso blog, abordando temas como sustentabilidade, gestão de negócios, atendimento e muito mais.
Artigos Relacionados
0 Comentários