Desvendando o ESG

Introdução

Acompanhando as tendências mundiais, o termo Environmental, Social and Governance (ESG) apresentou grande relevância nos últimos anos no Brasil devido às crescentes discussões sobre o desenvolvimento sustentável, que foram impulsionadas pelos efeitos da pandemia de COVID-19 na economia e na sociedade. No Brasil, a sigla ESG ganhou repercussão no ano de 2020 e, desde então, dominou as discussões no mundo corporativo. Antes, sabíamos que as empresas tinham que se adaptar a este compromisso, mas, agora, temos diversas dúvidas sobre como implantar este conjunto de políticas no cotidiano das empresas. O intuito deste guia é contribuir para este aprendizado, a construção de um percurso de colaboração, convidando você, aluno, para esta conversa.

1 Definindo o ESG

Existe, atualmente, uma grande movimentação no mundo dos negócios que converge com a agenda da sustentabilidade, especialmente quando falamos sobre o papel das empresas e dos investidores em busca de uma sociedade economicamente próspera, socialmente justa e ambientalmente viável.

As questões ambientais, sociais e de governança (Environmental, Social and Governance [ESG]) estão permeando mais as decisões das empresas sobre quais práticas realizar, observando o desempenho e o retorno das ações delas para a sociedade e para os stakeholders.

A proposta da ESG resume um modelo de negócio que deve ser examinado não apenas pelos critérios usuais do mercado, como rentabilidade ou concorrência, mas também pelas características ambientais, sociais e de governança corporativa. O ESG é um acrônimo em inglês para Environmental, Social and Corporate Governance, traduzido para o português como ASG, Ambiental, Social e Governança Corporativa. Independentemente da sigla usada, o termo remete ao conjunto de práticas empresariais relacionadas ao desenvolvimento sustentável, elas são delimitadas em três dimensões como forma estratégica de atração financeira e de estruturação de uma cultura íntegra de governança.

Contudo, embora voltado ao setor de investimentos, o ESG pode ser aplicado em diferentes áreas organizacionais e de impacto de uma organização, tanto do ponto de vista da relação com os investidores, como, principalmente, a organização se comporta com os diversos stakeholders dela, sejam eles internos ou externos.

Atuando em consonância com a Agenda 2030, o acordo pelo qual os países signatários da Organização das Nações Unidas (ONU) se comprometem a buscar soluções para os problemas do planeta e da humanidade até o ano de 2030, e também com os 17 objetivos sustentáveis (17 ODS), o composto ESG condiciona as seguintes vertentes:

 • Dimensão do Ambiente ou ambiental (environmental): refere-se às práticas para redução do impacto ambiental e proteção do meio ambiente, como mudança climática, efeito estufa, preservação da biodiversidade e gestão de resíduos;

 • Dimensão social: delimita a relação das empresas com os parceiros/stakeholders delas (clientes, consumidores e colaboradores) e abrange temas como relacionamento com a comunidade, respeito aos direitos humanos, diversidade e inclusão.

 • Dimensão da Governança ou governance em inglês: trata da gestão da empresa e enquadra temas como ética, transparência e independência do conselho.

A lógica ESG atua com o uso de estratégias de Gestão empresarial em busca do alcance da sustentabilidade. Embora ambos possuam convergências entre vários aspectos, trata-se de perspectivas diferentes. O Panorama ESG tem objetivos e resultados que podem ser semelhantes com os da Sustentabilidade, contudo não os substituem. Atualmente, ele é extremamente essencial para aquelas empresas que buscam estar na vanguarda.

Neste sentido, como implementar um programa ESG?

As ações que devem ser tomadas pelas empresas para a adoção das práticas ESG podem variar de acordo com as atividades de cada negócio. Não existe um modelo único, no entanto há alguns passos que podem ajudar no desenvolvimento das estratégias a serem tomadas

2 Implementando o ESG

2.1 Análise e reflexão

O primeiro passo é um processo de autoanálise ou reflexão interior com o objetivo de identificar quais tópicos da Agenda são importantes e necessários para a realidade da empresa. Nele, podemos elencar impactos sociais, ambientais e econômicos desempenhados pela empresa, assim como os propósitos, as necessidades e as possíveis perspectivas de atuação dela. Ainda neste processo, é importante definir quais são os stakeholders (grupos de interesse) com os quais a empresa interage e que são influenciados pelas estratégias em ESG. Desta forma, é possível incorporar as medidas tanto em nível interno como externo, no caso a sociedade como um todo. Também é importante identificar as ameaças e as oportunidades em temas ambientais, sociais e de governança corporativa com relação à empresa e estruturar um programa que atenda estes fatores.

Você pode pesquisar os 17 ODS da Agenda 2030 como referência no site oficial do Pacto Global: https://www.pactoglobal.org.br

2.2 Organizar a estrutura

Após a autoanálise, é necessário estabelecer as metas e os objetivos com base nos escopos ESG, de acordo com a necessidade de cada negócio de forma específica e adaptados à missão, à visão e aos valores da empresa, além disso, é importante que estes estejam alinhados ao planejamento estratégico da instituição. Estas metas podem mudar de acordo com a realidade vivenciada pela empresa e serem aplicadas a toda a política interna; aos colaboradores, aos fornecedores, aos patrocinadores, aos clientes e parceiros comerciais, conferindo solidez e longevidade ao programa.

Para que o programa seja implementado, é necessário também definir os responsáveis pela condução dele, selecionando profissionais que sejam especializados em ESG para desenhar os controles e os procedimentos adequados para a execução dele. A função desta pessoa é estratégica, ela deve estar atenta ao sistema de coleta de dados ESG, para acompanhar as iniciativas de Sustentabilidade e conferir os resultados a partir de métricas próprias.

2.3 Acompanhamento do projeto

Por meio de um relatório ESG, constituído na etapa anterior, ocorre a divulgação e a supervisão dos resultados. Desta forma, as iniciativas de responsabilidade socioambiental e de governança corporativa são propostas e devem ser monitoradas para a avaliação de novos riscos e o aproveitamento de todas as oportunidades.

O relatório contribui para o retorno em termos de reputação, de valor dos ativos da instituição, em investimentos e em atração de novos talentos para trabalhar em ESG. Neste sentido, é importante realizar capacitações para os novos desafios assim como certificações externas para garantir que as medidas ESG sejam de fato implementadas. Além disso, é importante que estas certificações também sejam divulgadas para incentivar uma maior adesão à proposta ESG de forma que outras empresas aceitem esta perspectiva e também como forma de se diferenciar no mercado e atingir um público que é cada vez mais socialmente responsável.

Conclusão

A partir destas três etapas, ocorre a implementação de um programa básico em ESG nas empresas, passando por estes processos de avaliação de riscos e de oportunidades, de definição de metas, de estratégias e de planos de ação e da estruturação de um setor específico e responsável na área, assim como de sistemas internos, monitoramento e de divulgação. Cada empresa tem a própria realidade, mas, independente disso, tais passos permitem uma grande contribuição como forma geral de orientação do programa.

Referência Bibliográfica

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IRIGARAY, Hélio Arthur Reis; STOCKER, Fabricio. ESG: novo conceito para velhos problemas. Cadernos EBAPE. BR, v. 20, p. 1-4, 2022.

NEGRINI, MSc Student Érico; DE SOUZA, MSc Student Yuri Antônio. ESG e AGENDA 2030: Análise Comparativa das Informações dos Relatórios de Sustentabilidade, à Luz da Materialidade Financeira e Estrutura Metodológica.

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STOCK, Andrei et al. ESG: UMA ANÁLISE SOBRE RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA NO ALTO VALE DO ITAJAÍ, SC, BRASIL. REVISTA MULTIDISCIPLINAR DO AMAPÁ, v. 2, n. 2, p. 113-124, 2022.

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